sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Fácies

O termo fácies deriva do latim, facia ou fácies, que significa aparência externa, aspecto.

Fácies sedimentares pode ser definido como o conjunto de materiais sedimentares / sedimentos / rochas que podem ser distinguidos de outros, depositados ao mesmo tempo e em ambientes sedimentares distintos, através das suas características litológicas e paleontológicas. Assim diferentes fácies, podem indicar diferentes ambientes sedimentares.

Elementos característicos das rochas envolvidos no conceito de fácies:
Litológicos: petrografia, estruturas sedimentares, composições químicas
Paleontológicos: fósseis indicadores de ambientes ou “fosseis de fácies”, fósseis com significado cronológico ou “fósseis estratigráficos” ou, ainda, “bons fósseis”.


Existem 3 tipos, genealizados, de fácies (Weller,1960)
Tipo I: Fácies Petrográficas - Fácies definidas com base no aspecto ou composição petrográfica.
Classe 1 - fácies generalizadas constituídas por todas as rochas de determinado tipo.
Classe 2 - fácies constituídas por corpos de rochas com forma, relações e extensão mútuas indefinidas.


Tipo II: Fácies Estratigráficas - Corpos líticos, com forma variada, com composição característica e separados de outros pelos seus limites e reaçoes estratograficas.
Classe 1: Corresponde às unidades litostratigráficas convencionais (Formação, etc), distintas verticalmente, os limites entre fácies adjacentes são planos horizontais e as relações laterais são indefinidas.
Classe 2: Corresponde a partes de uma unidade estratigráfica, varia lateralmente de modo gradual, os limites verticais são planos bem definidos.
Classe 3: Corresponde a partes de uma unidade estratigráfica com limites laterais irregulares, interdigitando-se com fácies vizinhas.

Estas 3 classes de fácies não ocorrem “isoladas”; frequentemente passam gradualmente de umas ás outras.


Tipo III: Fáceis Ambientais – fácies definidas com base no ambiente de génese dos corpos líticos. O ambiente é tomado em sentido amplo: litológico, biológico, tectónico, etc. É o tipo de fácies que mais se aproxima da defeniçao clássica baseada no aspecto, ou características de uma dada rocha.



Noutras especialidades, para além da Estratigrafia, existem tambem os termos de: fácies metamórficas, fácies ígnea, fácies tectónica...
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Bibliografica:
Pais, J; (?) - Princípios Fundamentais da Estratigrafia (DCT/FCT UNL)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

TRIÁSICO – Paleogeografia

O Triásico é um dos três períodos que subdivide a Era Mesozóica. Ocorreu entre cerca de 250 e 208 Ma atrás e está, também, subdividido em várias Séries e Andares.
Fig1. Corte na Tabela Cronostratigrafica correspondente ao Triásico.



Evolução Paleogeografica :

• Inicio da fragmentação da Gonduana acompanhada por vulcanismo do tipo fissural e migração dos pólos para Sul.

• A Pangea, rodeada na altura pelo Oceano Pacífico, foi penetrada pela Mesogeia, pelo Mar Boreal, Mar Austral e pelo Mar Goduânico.

• Os deslocamentos para Oeste da Pangea provocaram o aparecimento de uma zona de subducção na periferia pacífica das Américas.

• Austrália+Antárctida e Índia afastam-se do resto da Gonduana.

• Madagáscar separa-se de África.

• Aparecimento do Rift Médio Atlântico, onde houve vulcanismo fissural com emissões de Basaltos e de Andesitos que atingiram grande extensão no Brasil e em África.

• Entre os Cratões Africano e Europeu começou uma fase de distensão da mesogeia ocidental e geraram-se pequenas discordâncias nos Alpes orientais, nos Carpatos e nos Balcãs acompanhadas por dobramentos, brechas intraformacionais e por vulcanismo.

• A fase tectónica Paleocimérica (no limite Triásico - Jurássico) afectou a margem meridional e oriental da Ásia e da Crimeia até à China.




Fig2. Disposição dos continentes em meados do Triásico (237 Ma)
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Bibliografia:
Pais, J; (?) – GEISTÓRIA In Moodle FCT/UNL, página Estratigrafia e Paleontologia 09/10

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Métodos Químicos

Para alguém dos Métodos Físicos já referidos anteriormente, existem também os Métodos Químicos.

Métodos Químicos:
1) Teor de Fluor nos Ossos
2) Racemizaçao de Aminoácidos
3) Isótopos Estaveis: Oxigenio, Carbono e Estrôncio

1)Teor de Fluor nos Ossos
O conteúdo em flúor dos ossos aumenta com o tempo devido à incorporação deste elemento, existente no ambiente onde o osso se encontra enterrado.
Exemplo de aplicação: “homem de Piltdown”

2)Racemização de Aminoácidos
Os aminoácidos podem conservar-se durante a fossilização, que se distinguem essencialmente pelas propriedades ópticas (levógiras e dextrógiras). Os organismos produzem aminoácidos levógiros que, após a morte, se modificam para dextrógiros, atingindo um equilíbrio entre as duas formas.

3)Isótopos Estaveis: Oxigenio, Carbono e Estrôncio



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Bibliografia:
Pais, J; (?) - Princípios Fundamentais da Estratigrafia (DCT/FCT UNL)

domingo, 21 de novembro de 2010

Métodos Físicos

Em estratigrafia, quando nos deparamos com um estudo de uma determinada região temos de saber aplicar métodos. Métodos esses que nos vão ajudar a conhecer e a descrever melhor essa determinada região, com o estabelecimento de correlações entre unidades estratigráficas, por exemplo.

Métodos Físicos:
1)Depósitos de Varvas
2)Crescimento de Invertebrados Marinhos
3)Dendrocronologia
4)Liquenometria
5)Tefrocronologia
6)Radiocronologia ou Cronologia Isotópica
7)Magnetostratigrafia
8)Diagrafias
9)Estratigrafia Sísmica
10)Termoluminescência




1) Depósitos de Varvas
Contagem de depósitos sedimentares constituídos por uma camada negra, fina, com restos de matéria orgânica (deposito invernal) e por uma camada clara, mais espessa (deposito estival), perfazendo um ano de sedimentação.






Fig.1 - Depositos de Varvas ( http://geodinamica.no.sapo.pt/html/pagesgex/imagensglaciares/image3_78.htm )




2) Crescimento de Invertebrados Marinhos
Contagem das estrias de crescimentos correspondentes a um ciclo diário e a ciclos anuais.



3) Dendrocronologia
Consiste na medição e contagem do espaçamento dos anéis de crescimento das árvores. O processo começa em árvores actuais passando a troncos de travejamento de edifícios bem datados.


Fig.2 - Aneis de Crescimentos



4) Liquenometria
Usado na datagem de avanços glaciáricos através de líquenes que vivem dos blocos das moreias, avaliando o diâmetro dos mesmos.


5) Tefrocronologia
Implica a individualização das camadas de tefra (produtos piroclásticos) provenientes de explosões vulcânicas violentas, que serve como guia para correlação entre depósitos.


6) Radiocronologia ou Cronologia Isotópica
É um método feito através do estudo de decaimentos radioactivos de isótopos. Este decaimento é um processo contínuo, irreversível que decorre a velocidade constante. No seguinte link podemos informação pormenorizada sobre a radiactividade, num artigo da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Brasil): http://www.cnen.gov.br/ensino/apostilas/radio.pdf



7) Magnetostratigrafia
Metodo baseado nas variações do campo magnéticos terrestre registado nas rochas com minerais ferromagnesianos. Existem 3 tipos de magnetismo das rochas: Diamagnetismo, Paramagnetismo e Ferromagnetismo.



8) Diagrafias
Registos contínuos de variações de dadas características das rochas atravessadas por sondagens. Nestas características pode-se destacar a resistividade, o potencial espontâneo, a radioactividade natural, densidade, temperatura, entre outros. As diagrafias de elevada resolução traduzem texturas de formações bem como parâmetros estruturais.




9) Estratigrafia sísmica
Fornece dados sobre a estrutura da crosta mediante a progapaçao de ondas sísmicas produzidas artificialmente. Os contactos entre formações com difirentes velocidades de propagação das ondas definem superfícies de separação nas quais as ondas sofrem refracção, reflexão ou difracção (descontinuidades).


10) Termoluminescência
É a propriedade que certos minerais têm de libertar emissões luminosas por estimulação térmica desde que antes tenham sido submetidos a radiação natural ou artificial por Urânio, Tório, ou Potássio 40. Quartzo, Feldspatos, Calcite, Dolomite, Zircão, Piroxenas, Apatite, são alguns exemplos de minerais termoluminescentes.




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Bibliografia:


Pais, J; (?) - Princípios Fundamentais da Estratigrafia (DCT/FCT UNL)



http://estpal08.blogspot.com/2008/12/mtodos-fsicos-e-qumicos.html (consultado em 21 Novembro 2010)


domingo, 17 de outubro de 2010

Magnitude do tempo geológico

A magnitude da escala do tempo geológico é uma das maiores dificuldades que os estudos geológicos encontram.

De acordo com a escala espacial os fenómenos geológicos podem-se dividir em: locais, regionais e globais. Os fenómenos locais são aqueles que afectam uma região muito limitada como por exemplo, um deslizamento de terra. Os fenómenos regionais são aqueles que afectam um sector mais amplo como pode ser o caso de uma interrupção na sedimentação. Os fenómenos globais são aqueles que afectam todo no nosso Planeta e temos como exemplo a mudança do campo magnético.

A unidade básica da mediada do tempo geológico é o milhão de anos (Ma), podendo também ser aceite medidas inferiores como as centenas de milhões de anos para um melhor entendimento de alguns acontecimentos mais recentes.

Os registos estratigráficos, que tratam os reflexos da sedimentação ao longo do tempo, são registos que representam intervalos na ordem dos vários milhões de anos.
Com o fim de compreender melhor a magnitude do tempo geológico, vamos compara-la com um intervalo de tempo mais pequeno, 1 ano, ou seja, vamos colocar a idade da terra (45000 Ma) “dentro” de 1 só ano:

- Meados de Março: As rochas mais antigas são conhecidas.
- Maio: Indícios de vida nos mares
- Meados de Novembro: Inicio do Câmbrico
- 15 a 26 Dezembro: Idade dos dinossauros
- Tarde de 31 de Dezembro: Aparecimentos dos Hominídeos
- 31 de Dezembro, 23h 59min 45s: Retirada dos glaciares da Europa
- 31 De Dezembro23h 59min 50/55s: Auge do Império Romano
- 31 Dezembro, 23h 59min 57s: Descoberta da América do Norte


Em seguida fica uma imagem da tabela cronostratigrafica, retirada do livro de Geologia do 12º ano, com dimensões de tempo em Ma.



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Bibliografia:
Juan A. Vera Torres (1994) - Estratigrafia. Principios y Métodos. Ed. Rueda, Madrid

sábado, 2 de outubro de 2010

Estratigrafia: Princípios Utilizados

Tal como dito anteriormente a Estratigrafia estuda as relações originais existentes entre as diferentes camadas estratificadas. Para nos auxiliarmos nesse estudo existe uma serie de princípios estratigraficos que é necessario conhecer, entre eles:

1) Uniformitarismo (actualismo)
2) Sobreposição
3) Continuidade Lateral
4) Identidade Paleontologica
5) Inclusão
6) Intersecçao


1) Princípio do Uniformitarismo (actualismo):
Explicado por James Hutton e mais tarde aprofundado por Lyell diz-nos que os processos que tiveram lugar ao longo da história da Terra têm sido uniformes e semelhantes aos da actualidade (actualismo).


“O presente é a chave do passado.”
James Hutton (1726-1797)

Exemplo de "ripples marks" em sedimentos actuais (A) e num arenito (B)

2) Princípio da Sobreposição

Planeado numa primeira instancia por Steno e desenvolvido por Lehmann, diz-nos que as camadas depositam-se na horizontal umas por cima das outras, assim qualquer camada sobreposta a outra é mais recente do que esta.


Este princípio tem algumas excepçoes tais como: Camadas invertidas, falhas inversas, terraços fluviais, soleiras etc.


3) Princípio da Continuidade Lateral
De Steno, diz-nos que uma mesma camada tem a mesma idade em todos os pontos.



4) Princípio da Identidade Paleontologica
Principio planeado por Smith e desenvolvido por Cuvier, consiste em admitir o sincronismo de conjuntos de estratos com o mesmo conteúdo paleontológico.



Quanto ao seu conteúdo, temos que "bons fósseis" estratigraficos são aqueles que tiveram uma vasta distribuiçao geografica ou paleogeografica e viveram num curto periodo de tempo geologico.


5) Princípio da Inclusão
Principio no qual uma porção de uma rocha incorporada noutra é mais antiga do que a que a contem
Ex: O fragmento de granito (mais claro) incluido na rocha basaltica (mais escura) indica a sua idade mais antiga.



6) Princípio da Intersecçao
Princípio que nos diz que uma estrutura geológica (falha, intrusão) que corta outra é mais recente do que esta.Ex: Série metamórfica cortada por filões

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Bibliografia:
Juan A. Vera Torres (1994) - Estratigrafia. Principios y Métodos. Ed. Rueda, Madrid

http://oldearth.wordpress.com/evolucion-en-accion/los-estratos-registro-del-pasado/

http://blogs.myspace.com/index.cfm?fuseaction=blog.view&friendId=111600425&blogId=439118537

Estratigrafia e Paleontologia 2010/2011

Olá a todos.
Este é um blogue, inserido num modo de avaliação contínua proposto pelo docente da cadeira de Estratigrafia e Paleontologia do curso de Engenharia Geológica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

O que é a Estratigrafia?
O termo Estratigrafia, vem do latim stratum (= camada ) e do grego graphia, e é a ciência que trata da descrição de rochas estratificadas, bem como as relações originais existentes entre as diferentes camadas de rochas sedimentares como consequência da sedimentação.

Qual o objectivo desta cadeira?
Esta cadeira tem como objectivo dar a conhecer e a compreender os principios e os conceitos fundamentais da estratigrafia e da paleontologia, bem como o desenvolvimento de competências no domínio da análise de registos estratigrágicos e na identificação de fosseis, entre outros...


Bibliografia:
Juan A. Vera Torres (1994) - Estratigrafia. Principios y Métodos. Ed. Rueda, Madrid